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ANO 23 • NÚMERO 42 • DEZEMBRO DE 2019
 
 
Artigo
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488 cirurgias da mão com anestesia local com epinefrina, sem torniquete, sem sedação e sem anestesista

 

Por: Trajano Sardenberga, Samuel Ribakb, Ricardo Colencia, Rafael Barcellos de Camposb, Denis Varandaa e Andrea Christina Cortopassia

Comentado por: Dr. Pedro José Pires Neto

 
 

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Nos últimos anos temos visto um crescente interesse em realizar procedimentos cirúrgicos nos dedos, mão e punho utilizando anestesia local sem sedação. Vários trabalhos têm mostrado que procedimentos cirúrgicos podem ser realizados com segurança em regime ambulatorial. Já está provado que o uso da anestesia local com epinefrina, além da segurança, permite um controle intraoperatório da movimentação e avaliação imediata da função e do resultado esperado dos procedimentos cirúrgicos.

O mito do perigo de injetar adrenalina no dedo se difundiu e enraizou nos ensinamentos nas escolas de medicina, onde sempre nos foi dito que não devemos injetar adrenalina nas extremidades. São elas: dedos das mãos, nariz, pénis e nos pés. A Medicina Baseada em Evidências já alterou esse equívoco. Os autores do trabalho, objeto destes comentários, foram felizes na escolha da pergunta que é o principal temor dos cirurgiões: avaliar prospectivamente, a incidência de infarto digital e necrose tecidual com o uso de anestesia local com lidocaína a 1% e epinefrina 1:100.000 nas cirurgias da mão, sem torniquete, sem sedação e sem anestesista.

Reforço a necessidade de estarmos atentos a técnica de injeção, volume anestésico por procedimento e área anatômica. Escolher um procedimento para iniciar a experiência com o uso da lidocaína com epinefrina, seleção dos pacientes candidatos ao procedimento e apesar de não ter sido necessário o uso da fentolamina nas 488 cirurgias, este medicamento deve estar disponível como opção de resgate.

Considero um ponto a ser trabalhado por nós cirurgiões de mão o fato de conseguirmos sensibilizar os laboratórios para disponibilizar a apresentação, no Brasil, da lidocaína 1% com epinefrina 1:100.000 e desta forma evitarmos a necessidade de preparação per-operatória.

Foi muito boa a estratégia, dos autores, da divisão por áreas anatômicas: dedos, mão e punho, e também, a separação se o procedimento foi realizado no centro cirúrgico convencional ou ambulatorial. Isto permitiu avaliar se a área anatômica ou o ambiente cirúrgico teriam influências nos desfechos. Como não teve influência, permite aos colegas iniciarem os procedimentos no ambiente que estão acostumados e com o tempo e domínio da técnica migrarem para salas mais simples, de menor custo e com menos estresse para os pacientes.

 

Pedro José Pires Neto 

Médico Ortopedista e Cirurgião de Mão do Hospital Felício Rocho - Belo Horizonte - MG

Mestrado em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal de São Paulo.

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão - 2016

   
   
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