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ANO 23 • NÚMERO 37 • JULHO DE 2018
 
 
Artigo Internacional
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Risk Factors at Birth for Permanent Obstetric Brachial Plexus Injury and Associated Osseous Deformities

 

Autores: Rahul K. Nath, Nirupama Kumar,Meera B. Avila, Devin K. Nath, Sonya E.Melcher, Mitchell G. Eichhorn e Chandra Somasundaram

International Scholarly Research Network, outubro de 2011, Vol. 2012.

Comentado por: Dr. Leandro Y Kiyohara

 
 

Confira o artigo completo, clique aqui.

Nos livros textos, a paralisia obstétrica é descrita como uma condição com altos índices de recuperação espontânea (90%), porém na prática clínica esse índice parece ser menor, havendo a necessidade de procedimentos cirúrgicos secundários. Na literatura, está relativamente bem definido os principais fatores que levam a lesão do plexo braquial neonatal, mas há poucos dados em relação a fatores de risco que possam levar a déficit definitivo e deformidade do ombro decorrentes dessa lesão. Esse artigo tem como objetivo avaliar exatamente esses fatores.

O artigo começa com uma breve introdução sobre o tema mostrando a epidemiologia e listando os fatores de risco considerados principais para ocorrência da lesão do plexo braquial neonatal, que seriam distócia de ombro, macrossomia (peso ao nascer maior que 4500g), instrumentação (fórceps ou vácuo), tração para baixo da cabeça do feto.

Cita a existência de alguns estudos que determinam fatores de risco para lesão permanente do plexo braquial neonatal (peso ao nascimento, tipos de parto e fatores maternos) e explica que esses fatores podem também estarem ligados ao desenvolvimento da deformidade do ombro, principalmente subluxação posterior da cabeça do úmero, retroversão da glenóide, deformidade SHEAR (Hipoplasia da escápula, elevação e rotação)  e deformidade da glenóide na tomografia computadorizada e ressonância magnética.

Foram incluídos no estudo 249 pacientes de vários locais (EUA, Ásia, Europa) que foram tratados cirurgicamente por sequela de lesão do plexo braquial definitiva. Foram excluídos 8 pacientes, restando 241 pacientes. Todos os pacientes desse estudo apresentavam deformidade de ombro que foram tratadas cirurgicamente. A distribuição entre sexo masculino e feminino foi muito semelhante nos 2 sexos e a média de idade foi de 5,6 anos (5 meses a 27 anos).

Foram realizadas avaliação física e medidas do ombro na tomografia computadorizada para determinar déficit e deformidade de ombro e as informações sobre instrumentação no parto, peso ao nascer, distócia de ombro e movimento de dedos ao nascer, foram obtidas através de relatos dos pais ou guardiões dos pacientes.

Foram então listados os resultados referentes a cada um dos fatores:

- Peso ao nascer: macrossomia presente em apenas 20% dos pacientes e associada a deformidade da glenóide, principalmente retroversão da mesma.

- Distócia de ombro: fator mais prevalente (97%).

- Fórceps ou vácuo no parto: utilizados em 41% e a utilização desses métodos parece associada a piora da deformidade SHEAR

- Presença de movimento dos dedos ao nascimento: 68% não apresentavam esse movimento ao nascimento e a presença da deformidade de ombro foi pior no grupo de pacientes que apresentavam movimento dos dedos ao nascimento.

A força desse estudo está no número grande de pacientes e definição bem rigorosa de lesão de plexo braquial permanente. A principal fraqueza desse estudo está no fato de ter dados que foram colhidos retrospectivamente e através de relatos da família do paciente.

Achei esse estudo bastante interessante, pois mostrou que a macrossomia fetal não parece ter associação com lesão definitiva do plexo braquial, o que vai contra ao que parecia mais lógico para mim. Além disso, consolida outros fatores como não apenas preditivos de lesão, como também preditivos de lesão definitiva do plexo braquial. Achei particularmente interessante o dado em relação à presença de movimento nos dedos ao nascimento, pois é algo fácil e rápido de ser avaliado e que prediz com bastante eficácia a possibilidade de desenvolvimento de deformidade estrutural do ombro, permitindo a decisão por uma reabilitação mais precoce e intensiva.

 

Leandro Yoshinobu Kiyohara

Médico Ortopedista e Cirurgião de Mão do IOT-HCFMUSP

   
   
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