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ANO 23 • NÚMERO 41 • SETEMBRO DE 2019
 
 
Ações da CDPE
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O presidente da CDPE - Comissão de Defesa Profissional e Ética da SBCM, Dr. Hugo Alberto Nakamoto, conversou com o MANUS para falar sobre as mais recentes ações promovidas pela Comissão na atividade de defesa profissional.

Acompanhe a entrevista:

Quais ações a CDPE tem desenvolvido para a defesa profissional?

A CDPE tem atuado junto às Entidades Médicas (AMB e APM), que realizam periodicamente reuniões junto às sociedades de especialidade para discussão de assuntos relevantes a todos nós, como correção das tabelas de pagamento dos procedimentos médicos, relação dos médicos com as operadoras de saúde, inclusão de procedimentos no rol da Agência Nacional de Saúde e discussões relevantes no campo de implantes/dispositivos médicos. Embora nossa sociedade seja pequena em comparação com outras sociedades de especialidade, considero que seja de suma importância nossa participação nesse momento tão difícil para nosso País. Devemos aproveitar o momento, com o ministro da Saúde que aparentemente está aberto a nossas demandas para podermos melhorar nossas condições de trabalho e remuneração tanto na saúde suplementar quanto no SUS. Existe também um movimento forte de tentar fortalecer uma Frente Parlamentar da Saúde, que possa colocar e lutar por nossas demandas no Congresso Nacional.

 

Qual a principal dificuldade do trabalho dos cirurgiões das mãos no SUS?

A cirurgia da mão é ainda uma especialidade muito nova e com pouca penetração no SUS, apesar do trauma de mão ser extremamente prevalente. Em muitos locais, é o ortopedista generalista ou o cirurgião plástico generalista que acaba realizando o tratamento da mão, e isso acaba deixando o usuário do SUS sem o tratamento adequado sobretudo de patologias mais complexas como por exemplo a lesão do plexo braquial e as amputações/reimplantes. Outro problema é a inclusão de novas tecnologias, que no SUS se dá de maneira muito lenta e que inviabiliza por vezes o tratamento mais adequado ou atualizado de algumas patologias.

 

Na opinião do senhor, como deve ser o programa de carreira médica com concurso público?

Acho que o governo parece estar no caminho certo para a criação de uma verdadeira carreira médica do estado, no entanto, essa parece ser apenas uma primeira fase onde serão contemplados os médicos generalistas de saúde da família. Seria interessante numa fase posterior ver a implantação de centros regionais de tratamento secundário ou terciário com especialistas, como os cirurgiões de mão, para o tratamento regionalizado de doenças complexas para que não haja necessidade - como ocorre nos dias de hoje - de um paciente com uma patologia mais rara ou grave ter de sair de uma região mais desassistida, às vezes milhares de quilômetros distante, para um centro de referência nas cidades grandes.

 

O programa Mais Médicos pelo Brasil, recentemente lançado, mostra uma mudança governamental na valorização dos profissionais?

Num primeiro momento, tendo a achar que sim. Mas acredito que seja ainda muito pouco. Será preciso que haja realmente um estabelecimento de uma carreira médica federal com justa remuneração e plano de carreira para que realmente o governo sinalize uma real preocupação com a saúde no Brasil.

 

Como a CDPE tem trabalhado na questão de honorários e a tabela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM)?

Não há como realizar esse trabalho isoladamente, uma vez que a intermediação da negociação de melhora ou mesmo adoção pelas seguradoras de saúde da CBHPM ocorre através da AMB, representando todas as sociedades de especialidade. Por sermos uma Sociedade pequena, é preciso que a SBCM una forças com as Sociedades maiores e mais representativas para que tenhamos alguma voz na ANS.

Para que isso ocorra, nada melhor do que participar ativamente das reuniões relativas a esses assuntos, sem, no entanto, perder nossa independência. Foi o que fizemos esse ano quando nos foram solicitadas sugestões de mudança nos portes de algumas de nossas cirurgias na tabela CBHPM. Na ocasião convocamos uma força tarefa que se reuniu na sede da Sociedade e sugerimos algumas mudanças de porte de procedimentos, com equiparação a intervenções semelhantes do pé e do ombro. Vale ressaltar, no entanto, que essas mudanças devem passar por um crivo realizado nas comissões da AMB e depois disso estas são apresentadas à ANS. Outra coisa ainda é a aceitação dessas novas tabelas pelas operadoras de saúde.

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