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ANO 23 • NÚMERO 39 • MARÇO DE 2019
 
 
Entrevista
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“Queremos reaproximar e reconstruir pontes no Ministério da Saúde com a medicina”

Em entrevista exclusiva ao Manus, o ministro da Saúde, Dr. Luiz Mandetta, falou a importância da aproximação das sociedades médicas com o Governo. Confira:

 

  1. Como o senhor recebeu sua nomeação para Ministro da Saúde?

É um cargo de grande responsabilidade, que exige um compromisso com o desenvolvimento do país e com a população brasileira. Agradeço profundamente o presidente Jair Bolsonaro por ter me confiado essa missão, que recebi com muito entusiasmo. Firmado nos alicerces da austeridade, essencialidade, transparência e moralidade do gasto, estou pronto para mais esta missão de continuar avançando na garantia da oferta e maior qualidade dos serviços, com promoção da saúde e prevenção de doenças para assegurar maior qualidade de vida dos brasileiros.

 

  1. Quais os planos para as especialidades médicas? Haverá ações de valorização?

Queremos reaproximar e reconstruir pontes no Ministério da Saúde com a medicina, que está muito afastada, com associações médicas brasileiras, profissionais e conselhos de farmácia, enfermagem, psicólogos, equipe da nutrição, assistência social, fisioterapia, terapia ocupacional, entre tantas outras especialidades, valorizando às áreas de atuação de cada um para juntos, avançarmos no fortalecimento do SUS. Em breve, a proposta é trazer também para dentro do Ministério da Saúde a educação física, o esporte comunitário, no âmbito da política contra a obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares, que são as principais causas de morte no país.

Entendo que, para estruturar o SUS, nós precisaremos trabalhar com carreira para a saúde pública brasileira. Já iniciamos essa construção junto com entidades e associações médicas para discussão de uma proposta no âmbito da Atenção Primária, sobretudo, em áreas de difícil provimento, como alternativa para a fixação de profissionais nessas áreas e de valorização dos profissionais de saúde. Este é um desafio que está colocado e vamos pensar em como estruturar essa carreira de modo a conseguirmos levar atendimento médico a todo o país, considerando a diversidade do território brasileiro, de Norte a Sul, na perspectiva dos 5.570 municípios.

 

  1. Como o senhor vê o ensino da Medicina no País?

Já há muito tempo, como médico, dedico a vida ao cuidado das pessoas. E, desde os tempos da academia aprendi a valorizar esta profissão. A medicina se aprende com observação, com leitura, por repetição, com questionamento.

O que vimos ao longo dos anos foi um número recorde de faculdades abertas no país, muitas vezes, sem a estrutura necessária para oferta de um ensino de qualidade. De 2003 a 2018 foram criados mais de 178 novos cursos de medicina no país. É fundamental a sustentabilidade da política de formação médica no país por meio do ensino de qualidade. O Ministério da Educação já está discutindo a reorientação da formação médica no Brasil, juntamente com o Conselho Federal de Medicina e associações médicas. E no que compete ao Ministério da Saúde também participamos dessas discussões para zelar pela boa formação médica.

 

  1. Há interesses do Governo Federal em lançar campanhas de prevenção em parceria com Sociedades médicas?

Como disse, queremos promover uma reaproximação com as sociedades médicas, que estão muito afastadas do dia a dia do Ministério da Saúde. Acredito que essa aproximação contribuirá para o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde.

 

  1. Como está a Frente Parlamentar da Medicina?

As frentes parlamentares são importantes instrumentos de debate no campo político atendendo aos interesses da sociedade. Eu, como deputado federal, tive a oportunidade de participar de algumas delas e lá travamos importantes debates, como o relacionado a enormidade da dívida das Santas Casas construída por políticas malfeitas, que subfinanciam essas unidades de maneira pernóstica. Muitas vezes os debates são em campos ideológicos opostos, mas sempre apostando na democracia, no diálogo e respeito. A Frente Parlamentar da Medicina é uma iniciativa fundamental, da qual participei, para avançarmos em propostas para fortalecer e ampliar a representação médica em decisões relacionadas à saúde e à medicina, aquela praticada com responsabilidade e boa formação. Agora, quem assumiu a presidência foi o deputado Hiran Gonçalves e tenho certeza que fará um ótimo trabalho.

   
   
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